Policial

Em carta, fundador do PCC relata 'batismo' a presos da PED na década de 1990

Na publicação, ele detalha suas vivências ao longo de 40 anos de prisão



Palco de rebelião em 2006, Penitenciária de Dourados teria sido “batizada' por fação no final da década de 1990 - Crédito: Arquivo/Dourados News




Apontado como único fundador ainda vivo do PCC (Primeiro Comando da Capital), José Márcio Felício, o Geleião, afirma ter “batizado” toda a Penitenciária de Dourados no final da década de 1990. O relato sobre essa passagem, embora breve, consta em carta reproduzida pelo Portal UOL com a história das origens dessa facção criminosa.

Na publicação, ele detalha suas vivências ao longo de 40 anos de prisão. No histórico criminal vastamente documentado pela mídia brasileira, é narrada a primeira condenação por estuprar uma jovem. Conforme a carta reproduzida pelo UOL, Geleião fundou o PCC em presídios de São Paulo e depois de rebeliões e assassinatos foi envolvido em uma troca com presos do Paraná no dia 6 de março de 1998.

'Depois passamos nas penitenciárias de Piraquara, Maringá, Curitiba. No fim, fomos transferidos para o Mato Grosso do Sul. Apenas os três fundadores foram para lá: eu, Cesinha e Mizael. Lá chegando fui separado de Cesinha e Mizael. Me transferiram para a penitenciária Arrin Amorim Costa (Harry Amorim Costa, hoje PED), em Dourados. Lá, fui direto para o pavilhão e já dominei tudo. Batizei a penitenciária toda, a polícia descobriu”, afirma, em referência ao antigo nome da Penitenciária de Dourados, porém com erro de grafia.

Depois de “batizar” a Penitenciária de Dourados, acabou transferido para a Polícia Federal de Campo Grande, posteriormente foi para a prisão de segurança máxima da capital, onde reencontrou velhos amigos de São Paulo, que segundo ele “já tinham dominado e batizado os presos” de Mato Grosso do Sul.

“Alguns não aceitavam porque tinha um cara que era líder e não queria perder a liderança. Então a solução era matar ele. Era ele ou nós. Acabei então matando ele. Fui condenado a 8 anos e 8 meses por este homicídio. Depois da morte, chegamos ao domínio total. Chamamos todos e fundamos o Primeiro Comando do Mato Grosso do Sul. Depois de dominado o estado do Mato Grosso do Sul, fomos transferidos de volta para o Paraná”, detalha.

Na manhã de 14 de maio de 2006, um domingo, Dia das Mães, a PED (Penitenciária Estadual de Dourados), à época denominada Phac (Penitenciária Harry Amorim Costa), foi palco de rebelião orquestrada pela facção criminosa fundada por Geleião.

Houve situações semelhantes em várias penitenciárias de São Paulo, Minas Gerais, Bahia e Paraná, além de Campo Grande e Dourados, onde foram 30 horas de tensão e negociação para tentar acalmar os presos que deixaram um rastro de destruição.

A rebelião começou quando agentes penitenciários organizavam dia de visita. O clima parecia tranquilo, apesar dos ataques realizados por uma facção criminosa paulista em vários Estados brasileiros. Pouco tempo depois, aquele ar de calmaria se transformou numa bomba-relógio. Pessoas foram feitas reféns, quebra-quebra e muita tensão tomou conta das celas da casa de detenção.