Política e Transparência

Parlamentares de MS criticam apresentação circense por artista de cueca

Polícia Civil vai investigar espetáculo após repercussão em Amambai



Deputados Paulo Corrêa e Rafael Tavares e o vereador Papy criticaram o ato, que causou polêmica em Amambai: (Fotos: Fala Povo/Midiamax, Divulgação/Alems e Izaias Medeiros/CMCG)




A investigação da Polícia Civil de uma apresentação circense em Amambai de artista usando apenas cueca repercutiu nas sessões desta terça-feira (14) da Alems (Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso do Sul) e da Câmara Municipal de Campo Grande. O homem estaria fantasiado de Cupido, equivalente romano ao deus grego do amor.

Primeiro-secretário da Mesa Diretora, o deputado estadual Paulo Corrêa (PSDB) destacou que o espetáculo “não tem apoio financeiro nenhum da prefeitura”, além do prefeito Edinaldo Bandeira (PSDB) não ter conhecimento prévio da apresentação.

Rafael Tavares (PRTB) disse que ficou horrorizado com o vídeo. “As imagens que recebi são assustadoras, se não criminosas. Homens abraçando outros homens”, alegou.

Ele disse ter pedido esclarecimentos da prefeitura sobre a apresentação. “Quero entender um pouco como foi a contratação e também de qualquer maneira punir quem permitiu esse espetáculo”, afirmou.

Na Câmara da Capital, o vereador Epaminondas Silva Neto, o Papy (Solidariedade), avaliou que o espetáculo tem caráter pornográfico.

“A família chega para ver uma apresentação e é uma dança erótica, com gogo boys. É um vídeo horroroso e inadmissível. Já entramos em contato com a prefeitura, que respondeu não ter reconhecimento. Não podemos voltar à cultura da pornografia. Os artistas do MS são muito mais que isso. É uma questão de bom senso”, comentou.

Cupido de cueca

A apresentação de um circo em Amambai, no fim de semana, virou um duplo caso de polícia. Além de ser multado pela PMA (Polícia Militar Ambiental) por usar cobras em uma apresentação, outro espetáculo causou polêmica: trata-se do “Show do Cupido”, em que um artista dança usando apenas cueca adesivada com um coração nas partes íntimas.

Segundo a delegada Alana Lima, no dia da apresentação o delegado plantonista foi acionado após denúncias das mães. No dia seguinte, a delegada afirma que outros responsáveis das crianças procuraram a delegacia para fazer a denúncia, e o circo agora deve ser investigado por ato obsceno e importunação sexual.

Imagens gravadas por espectadores do show revelam que o homem interage com a plateia, cheia de crianças, e tenta até sentar no colo de um homem, que o empurra.

Nas redes sociais, muitos moradores da cidade que assistiram ao espetáculo falaram sobre a revolta causada pela apresentação. “Uma pouca vergonha. Disseram que era um espetáculo de circo e no fim foi uma encenação de pornografia”, disse uma mulher. 

Em nota, a Polícia Civil informou que o show teria, segundo denúncias dos pais, conteúdo impróprio para crianças “sem qualquer indicação de faixa etária em suas divulgações”.

A polícia diz que além dos registros de boletim de ocorrência por importunação sexual e ato obsceno, oitivas dos artistas envolvidos serão feitas. A investigação, segundo a polícia, seguirá em sigilo.

Depois da repercussão que tomou conta das redes sociais, na noite de segunda-feira (13), a prefeitura de Amambai publicou nas redes sociais um comunicado justificando que a apresentação foi vendida ao município como um “novo conceito de circo”.

A administração municipal divulgou um áudio que o município diz ser do coordenador do espetáculo. A gravação teria sido feita pelo representante do circo para uma secretária da prefeitura, que apoiou a realização do evento.

O representante define o espetáculo como “conceito contemporâneo, uma megaprodução, o que seria um novo conceito de circo”. O prefeito ainda se manifestou nas redes frisando que não sabia exatamente como seria essa apresentação.

Diante da repercussão, a apresentação do mesmo show que aconteceria nesta segunda (14) em Ivinhema foi cancelada.