Policial

Guarda e servidor estadual alvos de operação por tráfico de armas têm pedidos de liberdade negados

Eles tentavam revogar a prisão ou substituir por medida cautelar como prisão domiciliar



Arma apreendida na primeira fase da operação - Divulgaçao/Gaeco




Na última semana, servidor estadual e um guarda municipal de Ponta Porã, a 346 quilômetros de Campo Grande, tiveram pedidos de revogação da prisão negados. Eles foram presos preventivamente na Operação Deviare, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado).

As decisões são datadas de 9 de março, do juiz Marcelo Guimarães Marques, da 2ª Vara Criminal de Ponta Porã. Assim, os presos tentavam revogar a prisão preventiva ou o relaxamento da prisão, com medida cautelar ou prisão domiciliar.

Nos dois pedidos, a decisão do magistrado foi pelo indeferimento, mantendo as prisões preventivas.

 
 

Secretário também foi investigado

Nos pedidos de prisão e também de busca e apreensão, o Gaeco chega a pedir mandado de busca na residência do então secretário de Segurança e também do aparelho celular. No entanto, os pedidos foram negados pela juíza Thielly Dias de Alencar Pitthan, da 2ª Vara Criminal de Ponta Porã.

Já os outros pedidos foram aceitos, como o da prisão de 7 guardas municipais e também de um servidor estadual. O servidor é acusado de tráfico de armas, juntamente com outro guarda, preso na primeira fase da Operação Deviare em setembro de 2022.

Guardas recebiam propina de sacoleiros

Ainda conforme registrado no pedido feito pelo Gaeco, em agosto de 2021 um carregamento de maconha foi apreendido pela Guarda Municipal de Ponta Porã. Assim, o casal responsável por armazenar a droga foi levado para a delegacia.

 
 

No entanto, o delegado estranhou o ‘sumiço’ de fuzis, pistolas, revólveres e munições que também estariam na casa onde os suspeitos foram presos. A partir daí iniciou investigação sobre esse desvio de armas.

Então, com interceptação telefônica de quatro guardas, alvos da primeira operação, foi identificado o esquema de corrupção. Já com os aparelhos desses guardas, o Gaeco identificou o grupo de WhatsApp em que os esquemas ilícitos eram combinados.

Reprodução

O grupo era chamado ‘Gu (Guarnição) – Laranjas Podres’. Assim, nas conversas entre os agentes havia relato das cobranças de propina dos ‘sacoleiros’. Eles cobravam os valores entre R$ 150 e R$ 200, que eram pagos por Pix.

 
 

Então, distribuíam esses valores entre os guardas. Além disso, também informavam aos contrabandistas quais os policiais militares estariam de serviço. Para isso também recebiam ‘agrados’, como eles chamavam.

Secretário de segurança é citado

Em determinado momento, os guardas chegam a relatar que haveria supostos informantes do secretário de segurança municipal. Também afirmam o receio de que ele soubesse do esquema, pois iria querer receber parte da propina.

Além disso, chegam a relatar que o secretário estaria envolvido em ‘acertos’ com empresários da cidade, donos de estabelecimentos comerciais. Por fim o Gaeco relata que o secretário indicava para terceiros um dos guardas, preso na primeira fase da operação e apontado como ‘armeiro’.

Apesar disso, a juíza não entendeu que há provas suficientes para cumprimento dos mandados de busca contra o secretário. Ao Midiamax, ele afirmou que o processo tramita em sigilo e preferiu não comentar.

Mandados foram cumpridos

Com deferimento dos pedidos, em 31 de janeiro o Gaeco deflagrou a segunda fase da operação. Foram 7 guardas presos, além de um servidor estadual. Este, acusado de tráfico de armas.

Também foram cumpridos mandados de busca e apreensão nas residências dos investigados e também na sede da Guarda Municipal em Ponta Porã.

Nome da operação

O nome da operação faz alusão ao ato de desviar - em italiano -, já que a investigação do Gaeco se iniciou em razão do desvio de armas de fogo e munições por parte de guardas municipais em uma ocorrência de tráfico de drogas em agosto de 2021.