Policial

Em 2022, 594 crianças e 435 adolescentes foram vítimas de estupro em Mato Grosso do Sul

Maioria das vítimas é do sexo feminino conforme dados da Sejusp



Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente - Foto: Nathalia Alcantara/Midiamax




De 1º de janeiro até 15 de setembro deste ano, 594 crianças foram vítimas de estupro de vulnerável em Mato Grosso do Sul, das quais 189 em Campo Grande. Também sofreram esse tipo de violência 435 adolescentes, 85 na Capital. O número é menor se comparado aos anos anteriores, no auge da pandemia.

Tabela sobre casos de estupro
Reprodução/Sejusp

Conforme dados da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública), neste ano foram aproximadamente 74 casos de estupro de crianças registrados por mês, contra 77 em 2021 e mais ainda, 90 casos por mês em 2020, primeiro ano da pandemia em que as famílias permaneceram mais tempo em casa.

Nos dados é possível analisar ainda que, de todos os casos de estupro – contra crianças, adolescentes ou adultos – sendo 1.269 no total, 1.081 são vítimas do sexo feminino. Outras 107 vítimas são do sexo masculino e em 67 casos não foi informado. Em 2021 e 2020, a maioria dos casos também foi de vítimas mulheres ou meninas, 1.718 em 2021 e 1.805 em 2020.

 
 

O primeiro ano da pandemia teve um total de 2.110 vítimas de estupro em Mato Grosso do Sul, dos quais 1.084 crianças e 668 adolescentes. Em 2021, o número reduziu, sendo 925 crianças vítimas de estupro e ainda 769 adolescentes.

Estado com maior taxa de estupros na pandemia

O Anuário Brasileiro de Segurança Pública deste ano trouxe Mato Grosso do Sul como o estado que registrou maior taxa nos casos de estupro e estupro de vulnerável em 2020 e 2021. A taxa é referente ao número a cada 100 mil habitantes. 

Conforme a tabela, Mato Grosso do Sul teve taxas de 83 casos por 100 mil habitantes em 2020 e 86,5 em 2021. O número é sobre os crimes de estupro e estupro de vulnerável juntos. Ao todo, foram 361 casos de estupro e 1.970 de estupro de vulnerável registrados em 2020. No ano seguinte, houve aumento, com 383 estupros registrados e 2.072 estupros de vulnerável.

 
 

Outro dado do Anuário aponta que a maioria das vítimas nos casos de estupro é de mulheres. Em 2020, dos 361 registros, 324 foram contra mulheres. Em 2021, dos 383, 329 também foram contra vítimas mulheres. O mesmo acontece nos casos de estupro de vulnerável. Em 2020, das 1.970 vítimas, 1.640 eram do sexo feminino e, em 2021, 1.684 das 2.072 vítimas também eram do sexo feminino.

No início de junho, o Midiamax noticiou ainda que os casos aumentaram em 2022, com uma média de 122 crimes de estupro registrados por mês, enquanto em 2021 a média foi de 59,6 casos — entre crimes de estupro com vítimas de todas as idades.

Estupro de vulnerável em Campo Grande

Em março deste ano, o fonoaudiólogo Wilson Nonato, de 30 anos, foi preso preventivamente por estupro de vulnerável, após ser preso em flagrante no consultório em que atendia. Ele foi acusado de estuprar pacientes que tinham entre 2 e 8 anos de idade, todos meninos, e não chegou a confessar os crimes quando interrogado.

 
 

Ao todo, foram instaurados 7 inquéritos pela DEPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente) e várias crianças que eram atendidas na mesma clínica também foram ouvidas. Wilson segue preso preventivamente em Campo Grande.

Vítima de estupro por adolescente

Na última semana, caso de uma menina de 12 anos vítima de estupro por um outro adolescente, de 16 anos, foi revelado após a vítima conseguir contar sobre a violência sofrida para uma vizinha. O caso segue em investigação pela Deaij (Delegacia Especializada de Atendimento à Infância e Juventude) e DEPCA.

Conforme a delegada, a menina conseguiu prestar depoimento especial. Inicialmente, no dia do crime ela não conseguiu falar sobre o caso. Depois, confirmou que sofreu o estupro e que o autor foi o adolescente de 16 anos. Os outros dois adolescentes também apreendidos naquele dia foram liberados, após o terceiro assumir o crime.

No entanto, segundo a delegada Daniella Kades, titular da Deaij, eles teriam presenciado o estupro, ‘assistido’ a vítima ser abusada pelo amigo. Além da menina, o pai e a madrasta também prestaram depoimento na Deaij. O casal é investigado pela DEPCA por abandono de incapaz e abandono intelectual.

Isso, porque a menina foi ‘trocada’ na boca de fumo onde o crime aconteceu, como pagamento de dívida de drogas. Conforme a delegada Kades, o casal tentou alegar que a menina é ‘problemática’.

No entanto, até o momento, verifica-se que o casal é usuário de drogas, também de bebidas alcoólicas e que por muitas vezes já teria deixado a vítima na casa de uma vizinha. Esta, que também foi ouvida pela polícia, foi para quem a menina confidenciou que tinha sido estuprada.

A mulher está com a guarda temporária da menina, concedida ainda na última sexta-feira. Ainda será verificado quem forneceu as bebidas alcoólicas para a vítima e os outros menores que estavam na ‘festa’ onde o crime aconteceu. O adolescente de 16 anos foi encaminhado para a Unei (Unidade Educacional de Internação).