Policial

Motorista diz que foi perseguida ao mostrar dedo do meio para delegado-geral

Ela revela que mora na região central de Campo Grande e por volta das 18h saiu de casa






A motorista envolvida em uma briga de trânsito com o delegado-geral da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, Adriano Garcia, na noite desta quarta-feira (16), negou que tenha cometido imprudência no trânsito. Segundo a artesã, que terá o nome preservado pela reportagem, a perseguição começou após ela ter mostrado o dedo do meio para o delegado quando o carro afogou no sinal e a jovem tomou uma buzinada.

Em sua versão, o delegado disse que estava em um veículo oficial descaracterizado transitando pela Avenida Mato Grosso, sentido Via Park, quando foi "fechado" pela jovem que estava em um Renault Kwid. Ele alega que ela fugiu em alta velocidade, com manobras perigosas e só parou após disparos no pneu.

No entanto, a artesã afirma que não houve qualquer imprudência cometida por ela no trânsito. Na manhã desta quinta-feira (17), a jovem esteve no local onde parou o veículo na noite de ontem após a confusão e conversou com o Campo Grande News.

Ela revela que mora na região central de Campo Grande e por volta das 18h saiu de casa. "Passei em uma loja na Eduardo Santos Pereira e estava seguindo para o Shopping Campo Grande para comprar uma roupa de ginástica".

A artesã diz que seguia na Rua Antônio Maria Coelho. "Na altura de uma igreja, parei no semáforo e o meu carro afogou, então o carro que estava atrás começou a buzinar e eu mostrei o dedo do meio". Ela continuou o trajeto até a altura da Rua Dr Paulo Machado. "Eu vi as luzes, mas não imaginei que era carro do semáforo, achei que fosse a polícia querendo passar. Ele veio me perseguindo", diz.

Ela então entrou na Dr Paulo Machado. "Estava no cruzamento da Mato Grosso, então ele parou o carro na minha frente, desceu e efetuou os disparos", diz ao lembrar ter ouvido: "desce, senão vou quebrar seu vidro". Tudo ocorreu próximo a uma panificadora e imagens registraram a movimentação de pessoas após os tiros.

A jovem diz que ficou muito assustada e começou a ligar para os amigos. "Consegui sair dali, retornei a Mato Grosso e parei na Wizard. Só saí do carro quando uma amiga chegou. Vi uns 30 homens aqui", lamenta.

O carro da artesã possui uma câmera do tipo “GoPro”. "Grava tudo, coloquei justamente para questões de trânsito. Na hora, eu realmente coloquei na boca, porque precisava guardar as minhas imagens, mas os policiais disseram que me dariam laxante, e eu entreguei", revela. "Em momento algum passei o sinal vermelho", pondera.

O celular e o cartão de memória da jovem foram apreendidos pela Polícia Civil e entregues a perícia. O delegado que atendeu a ocorrência, Antônio Ribas Junior, afirmou que não foi possível, inicialmente, ver as gravações. "Não constava nada aparentemente, então será encaminhada para perícia para ver se recupera alguma gravação", frisa.

Versão do delegado - De acordo com a nota da PCMS, Adriano estava em um veículo oficial descaracterizado transitando pela Av. Mato Grosso, sentido Via Park, quando foi "fechado" pelo Renault Kwid.

O delegado-geral disse que se identificou como policial através dos sinais luminosos e sonoros da viatura, solicitando que a jovem parasse o carro, mas ela não obedeceu e fugiu fazendo manobras perigosas.

O delegado-geral perseguiu a jovem e conseguiu colocar a viatura na frente do carro, forçando a motorista a parar. Nesse momento, Adriano Garcia desceu da viatura e abordou a mulher se identificando novamente como policial, solicitando que ela descesse do veículo. A motorista continuou desobedecendo e manobrou o carro, fugindo novamente e tentando atropelar Adriano.

Para se defender, o delegado-geral diz que atirou duas vezes contra os pneus do Renault Kwid, mas a jovem continuou a fuga. O delegado a perseguiu novamente e diante da desobediência da motorista, atirou mais uma vez contra o pneu, mesmo assim ela conseguiu fazer um retorno subindo no canteiro central da avenida. O delegado afirma que conseguiu interceptar a mulher, que parou o carro perto de uma escola de inglês, cerca de 1,2 km do local onde a confusão começou.

Ele diz que o reforço policial foi acionado e mesmo na presença de outros policiais a mulher se recusava a sair do carro, segundo a PCMS, após um longo período ela desembarcou e negou os fatos.

Toda confusão foi registrada na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) Centro. "A Polícia Civil reforça que a ação do Delegado Geral foi tomada em cumprimento ao dever legal de agir de um policial que se depara com situação de clara afronta à Lei, e que colocou em risco, não só a vida do próprio agente de segurança mencionado, mas também dos outros condutores e pedestres que estavam no local da ocorrência. A reação adotada pelo agente público (disparos efetuados em direção ao pneu do veículo) foi proporcional e necessária frente a agressão sofrida, sendo único meio eficaz, naquele momento, a fazer cessar a ação contrária à Lei.", termina a nota.