Política e Transparência

Prefeito pode pegar até 30 anos de cadeia pela morte de homem na UPA

O prefeito de Dourados Alan Guedes (PP) e o secretário municipal interino de Saúde Edvan Marcelo Morais Marques






O prefeito de Dourados Alan Guedes (PP) e o secretário municipal interino de Saúde Edvan Marcelo Morais Marques devem responder civil e criminalmente pela morte do trabalhador da construção civil, Wanilton Alves Pereira, que morreu ontem (06) aos 50 anos sem atendimento de um médico na UPA. 

Além da acusação de improbidade administrativa, ambos podem ser acusados de homicídio doloso ou culposo, como penas que podem chegar até 30 anos de prisão. Familiares da vítima devem registrar boletim de ocorrência e depois representar na Justiça contra os responsáveis pela morte.

Ocorre que o prefeito e o secretário foram alertados no sábado (05) de que pacientes poderiam morrer na UPA sem atendimento médico e, ambos, não reverteram a situação.

Folha de Dourados teve acesso ao Ofício no. 20/2021/FUNSAUD, assinado pela diretora-técnica Angela Maria de Azevedo Cardoso Marin alertando que o pior poderia acontecer diante do caos que se instalou na saúde pública do município desde a posse do atual prefeito.

O ofício foi endereçado também ao secretário de Governo e Gestão Estratégica, Henrique Sartori de Almeida Prado, ao diretor do Componente Municipal do Complexo Regulador, Frederico de Oliveira Weissinger, e ao presidente da Fundação de Serviços de Saúde de Dourados (Funsaud), Jairo José Lima Presidente da Funsaud. Os três, além de Angela Marin, também podem ser responsabilizados.

No documento, ela lembra que “é de conhecimento dos senhores que a fundação vem enfrentando problemas com a escala médica da UPA, devido a problema de atrasos dos pagamentos dos profissionais médicos” e que “na data de hoje (sábado) a unidade encontra-se com 25 pacientes, sendo que 22 pacientes são com inseridos no sistema de regulação com 5 pedidos para UTI e 17 para enfermeira. Deste total, um paciente está entubado além de vários em máscara de oxigênio, sem perspectiva de regulação para leitos hospitalares”.

Angela Marin informou aos destinatários “que a UPA Afrânio Martins encontra-se sem médico clínico para atendimento de pacientes internados nesta unidade hospitalar, bem como, para atendimento de quaisquer outros pacientes que possam vir procurar esta unidade”.

No sábado, a UPA ficou sem nenhum médico das 18 horas até as 06 horas de domingo, com 29 pacientes mais Wanilton Alves Pereira que deu entrada por volta das 20 horas com problemas respiratórios. Havia 35 dias que foi dado como curado da covid-19.

Sem os cuidados de um médico, pouco depois das 11 horas de domingo, Wanilton Pereira teve uma crise, chegou a convulsionar. Desesperados, funcionários da UPA solicitaram a presença às pressas de um médico do Samu para socorre-lo, mas não a tempo de salva-lo. Ele morreu por volta do meio-dia de ontem.

A morte do trabalhador foi o desfecho de uma tragédia anunciada. Há meses que a UPA e o Hospital da Vida padecem por falta de médicos, medicamentos, insumos, material de limpeza e até papel higiênico.

A situação que era sofrível há vários anos, nunca esteve tão crítica como agora.

É uma crise sem fim e parecer irresolúvel sob a batuta de Alan Guedes e sua equipe.