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Campo Grande
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Noticia de: 06 de Dezembro de 2019 - 14:04
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Escola estadual de Campo Grande economiza 2 mil litros de água por mês com projeto de ciências

Estudantes da Escola Estadual Professor Silvio Oliveira dos Santos, localizada no conjunto Aero Rancho, em Campo Grande, participam do projeto científico “Aplicação Sustentável da Água Condensada dos Aparelhos de Ar para Limpeza”.

Através de cálculos matemáticos, os estudantes Brayan Guimarães Breitenbach Stelle e Sthefani Cristina Pilatte conseguiram fazer um levantamento da quantidade de água eliminada e dar início ao projeto científico. Foram cerca de 403,20 litros de água por dia, ou seja, em uma semana a escola economizou 2.016 litros de água que eram desperdiçados nas calçadas, evitando assim o risco de desabamento e infiltração nas paredes.

De acordo com o professor responsável pelo projeto, Cesar Floriano, mais de 400 litros de água eram eliminados diariamente dos 28 aparelhos de ar condicionado da unidade escolar. A vazão média de água por aparelho que estava funcionando em uma temperatura de 20° C em um dia típico de verão foi quantificada pelo método direto, onde estudantes captaram a água do gotejamento em um balde por um período de quatro horas.

Estudante Sthefani Cristina Pilatte, responsável pelos cálculos matemáticos e execução do projeto, explicando aos colegas o projeto científico (Foto: Divulgação)

A água coletada teve o volume aferido por uma proveta graduada e devidamente calibrada. Com essa ação, os estudantes conseguiram calcular o volume de água que cada ar condicionado elimina diariamente na escola, levando em consideração que esses aparelhos ficam ligados em torno de 12 horas por dia. “Foi feito também análise de dados para determinar a qualidade da água proveniente dos aparelhos de ar condicionado, verificando com isso, a possibilidade de seu aproveitamento”, enfatiza Floriano.

“As análises realizadas foram medição do pH, utilizando medidor de pH da MColorpHast, alcalinidade, através da titulação de neutralização ácido/base, empregando ácido sulfúrico 0,01 mol/L. e dureza, através da complexometria com EDTA sódico. Sendo essa última realizada em parceria com a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS”, explica Gemima dos Santos Nunes, professora de Química, gerenciadora de laboratórios e coorientadora do projeto.

O aproveitamento da água gerada pelos aparelhos de ar condicionado foi possível mediante a coleta eficiente de cada sistema de drenagem dos aparelhos que foram direcionados para um sistema de coleta e armazenamento. Foram instalados canos nas saídas de água desses aparelhos e esses canos despejando essa água em uma caixa d’água devidamente fechada. Na caixa d’água foi instalada uma torneira e com a ajuda de uma bomba, foi possível encaixar uma mangueira de jardim para o devido uso dessa água armazenada.

Quadra de Esportes

Levando em consideração essa quantidade, o projeto foi contemplado com a captação de água de 11 aparelhos de ar condicionado, com o objetivo inicial de suprir essa demanda de limpeza da quadra de esportes coberta, que atende as modalidades de futsal, voleibol e basquete. A escola ainda possui duas quadras de areia, na área externa, para as práticas esportivas de bachtênnis e futebol e vôlei de areia.

Estudantes Brayan Guimarães Breitenbach Stelle e Sthefani Cristina Pilatte conseguiram fazer um levantamento da quantidade de água eliminada e dar início as atividades (Foto: Divulgação)

Um ar condicionado pode liberar até 20 litros de água por dia. Muitas vezes, essa água é descartada de forma inadequada por não haver ações sustentáveis que possam promover um aproveitamento correto de toda essa água liberada. Levando em consideração que a rotina de limpeza de uma escola, lavar pátio, banheiro, quadra de esportes, entre outros, necessita de um consumo muito grande de água, o projeto teve a iniciativa de direcionar a água coletada dos aparelhos de ar condicionado para limpeza da quadra de esportes.

“Em média, as Agentes de Atividades Educacionais gastam 792 litros de água durante uma hora, tempo necessário para a limpeza da quadra”, avalia o orientador do projeto científico, professor Cesar Floriano, que trabalha com os estudantes a disciplina Projeto de Vida, há três anos na escola.

“Até então, era frequente ver o desperdício de água que ocorria na escola com a utilização desses aparelhos. Com essa conduta, essa água vai ter um aproveitamento relevante que servirá para a limpeza da escola, proporcionando assim, economia e sustentabilidade para a comunidade escolar”, constata a concluinte do Ensino Médio, Stthefani Cristina Pilatte que acredita deixar outra contribuição social para escola que estuda há três anos.

Em 2018 Stthefani havia começado a desenvolver o projeto, denominado Cisterna, de captação da água pluvial, para lavar a área externa na escola. Uma das calhas instaladas foi direcionada próxima às quadras de areia.

Mais de 2000 litros de água são economizados com projeto (Foto: Divulgação)

A mesma observação do desperdício foi feita, durante o horário do recreio, pelo estudante do 2º ano do Ensino Médio, Brayan Guimarães Breitenbach, que pretende continuar o projeto no próximo ano letivo, com uma nova parceria para o trabalho em equipe.

De acordo com o diretor adjunto Leandro Colombo Pedrini, a escola irá se planejar financeiramente para que 2020 todos os aparelhos estejam com sistema de captação e a limpeza da escola seja feita completamente com o aproveitamento dessa água coletada, além de destinar para a irrigação da horta orgânica e do pomar da escola.

“A técnica utilizada para o levantamento da quantidade de água eliminada dos aparelhos de ar condicionado e a quantidade de água necessária para uma limpeza rotineira de uma quadra de esportes mostrou-se adequada, rápida e de baixo custo. Como estudo futuro, pretende-se desenvolver outras ações sustentáveis na escola, como por exemplo, adubo orgânico com o resto da merenda escolar, entre outros, para que essas práticas sejam apreciadas e reproduzidas por todos”, garante Leandro.

Escola Sustentável

 A educação ambiental está diretamente ligada a práticas sustentáveis, que podem ser aplicadas na escola e na comunidade onde se mora. Nos últimos anos, esse processo tem ganhado cada vez mais adeptos que acreditam em ações que possam minimizar ou até mesmo reverter o quadro de escassez de água que o planeta está prestes a enfrentar.

“A necessidade de um futuro sustentável requer mudanças no presente, ações insustentáveis de consumo devem ser mudadas para que possamos oferecer qualidade de vida para novas gerações, por isso investimos no protagonismo dos nossos estudantes e nas competências socioemocionais com intencionalidade nas iniciativas sociais”, ressalta Jaqueline Dias, que há quatro anos está à frente da gestão escolar.

Foram cerca de 403,20 litros de água por dia, ou seja, em uma semana a escola economizou 2.016 litros de água que eram desperdiçados nas calçadas (Foto: Divulgação)

De acordo com a Organização das Nações Unidas – ONU, mais de 700 milhões de pessoas correm o risco de serem deslocadas pela intensa escassez de água até 2030. Tudo isso está relacionado com o desmatamento, aumento populacional, crescimento urbano, poluição das fontes hídricas, mau uso dos recursos naturais, alterações climáticas sofridas pelo planeta, falta de políticas públicas que estimulem o uso sustentável dos recursos naturais, entre outras.

Ações simples do dia a dia são capazes de trazer benefícios significativos para a sociedade e o meio ambiente, um exemplo disso, é o aproveitamento da água eliminada pelos aparelhos de ar condicionado na escola, que acredita ser a primeira em Mato Grosso do Sul a integrar a captação com o bebedouro que atende cerca de 1.150 alunos matriculados em três períodos.

Assessoria de Comunicação da SED.

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