Política e Transparência

Deputados pedem esclarecimento à prefeitura sobre indígena ter socorro negado

Denúncia feita por cacique de que Samu e Corpo de Bombeiros não atenderam solicitação virou debate na Alems






Os deputados estaduais cobraram um posicionamento da secretaria municipal de Saúde de Dourados, após a repercussão da denúncia do cacique Ezael Morales de que precisou levar ao hospital uma indígena diagnosticada com coronavírus por ele mesmo, pois o Corpo de Bombeiros e o Samu se recusaram a entrar na aldeia indígena.

Barbosinha (DEM), pré-candidato a prefeito no município, protocolou na Casa de Leis requerimento pedindo informação à secretaria. “O vídeo gravado pelo cacique Ezael mostra que ele pediu socorro do Samu e acionou o Corpo de Bombeiros, mas que não teve ajuda e acabou precisando levar a indígena no próprio carro para o hospital Missão Caiuás”. 

O democrata solicita informações, pois, segundo ele, Dourados vive momento grave de pandemia. “Em Dourados a curva está ascendente, superamos Campo Grande em número de casos. É fundamental que tenhamos protocolos escritos para as emergências. No caso de Covid-19, o atendimento precisa ser regularizado”.

 

Ainda segundo Barbosinha, o Corpo de Bombeiros tem sido sobrecarregado com a pandemia. “Eles têm atuado no drive thru, nas barreiras sanitárias, nos transportes de indígenas para casa do Cursilho e agora vão atuar na barreira sanitária da aldeia”. 

Em contrapartida, Neno Razuk (PTB) afirmou também ter acompanhado o caso do indígena. “Quando a pessoa liga para o Samu tem um questionário a ser respondido e o Samu não viu a urgência no atendimento, por isso não foi. Tanto é que a senhora foi levada de forma particular, fez a consulta e foi liberada. O Samu não errou e fez o atendimento de excelência”.

Razuk respondeu sobre o questionamento de Barbosinha à prefeitura. “Me disseram que foi disponibilizada ambulância para atender as aldeias, sendo que isso era um trabalho da Funai, além de disponibilizar leitos em hospitais particulares. O que preocupa é que até ontem, dos 74 infectados, 25 eram crianças e  faltam leitos de UTI pediátrico. Em Campo Grande só tem sete. Em Dourados só tem 3 e só. É o que tem na rede pública, temos que cobrar ação efetiva do Estado para ampliar isso”, ressaltou.

Segundo Renato Câmara (MDB) o momento é de unir forças, independentemente de questões políticas-partidárias. “O Estado divulga que Dourados é novo epicentro e a prefeitura discorda do dado. Precisamos de uma discussão mais clara e investimentos em EPIs. Me disseram que nos postos têm enfermeiros sem máscara, imagina o contágio lá na frente se tiver algum assintomático? Pedi isso ao secretário estadual de Saúde e também para enviar responsável para esclarecer a situação com os caciques”.

Entenda o caso

Uma indígena da Aldeia Jaguapiru em Dourados, diagnosticada com o novo coronavírus, o Covid-19 , teve que ser levada às pressas para o Hospital da Missão Caiuá pelo cacique Ezael Morale na tarde de ontem (3).

Segundo Morales, a medida foi necessária porque o Corpo de Bombeiros e o Samu se recusaram a entrar na aldeia, alegando falta de equipamentos e também de preparo. Indignado, o cacique gravou um vídeo e postou nas redes sociais denunciando o descaso com a população no Estado.

O cacique fez desabafo pedindo a intermediação do procurador do MPF-MS (Ministério Público Federal de Mato Grosso do Sul) em Dourados, Marco Antonio Delfino de Almeida em relação às dificuldades que estão sendo enfrentadas nas comunidades indígenas localizadas na cidade. “Não somos animais”, reclamou o cacique nas imagens.