Economia

Clientes reclamam que não estão conseguindo adiar pagamentos em bancos

Eles haviam lançado ação para adiamento de parcelas, mas o interessado não consegue fazer






Você já tentou adiar a parcela do financiamento da sua casa ou empréstimo em alguma rede bancária? Pois é, devido à crise econômica prevista pela pandemia de coronavírus, os bancos do país lançaram semana passada uma ação conjunta para permitir a clientes a possibilidade de adiar, por até 60 dias, o pagamento de parcelas de empréstimos.

Mas a reclamação geral é de ao entrar em contato para aderir ao benefício, não há atendimentos. Conforme reportagem da UOL Notícias os  canais de atendimento não funcionam, falta informação entre gerentes e a prorrogação é, na verdade, um novo financiamento ou novo contrato, com aumento dos juros. 

Os Bancos

Segundo os bancos, a possibilidade de adiar os pagamentos de empréstimos tomados pelos clientes está disponível, mas é válida apenas para quem está com a conta em dia. Além disso, afirmam os bancos, para inserir esse tipo de medida extraordinária dentro do sistema operacional da instituição financeira é necessário classificar a operação como uma repactuação ou refinanciamento. 

O problema é que esses detalhes não ficaram claros assim que a medida foi lançada. E muitos clientes se sentem prejudicados pelo anúncio, que consideram falsa propaganda, diz a UOL.

Direitos do consumidor

A especialista em assuntos financeiros do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), economista Ione Amorim, alerta que o consumidor precisa prestar atenção à cobrança de juros referentes ao período em que o pagamento está suspenso. Para ela, o correto seria o consumidor não assumir juros por conta dessa suspensão. A especialista do Idec destaca ainda que o cliente precisa checar com o banco se não haverá acúmulo de prestações após a prorrogação, e se não vão ser inseridas mais mudanças no contrato original. 

Na dúvida, os clientes podem procurar o próprio Idec, o Procon ou mesmo a ouvidoria do Banco Central. 

Respostas dos Bancos

Por meio de nota, o Itaú Unibanco disse que "está cumprindo rigorosamente o compromisso assumido de atender a pedidos de prorrogação, por 60 dias. O banco diz que, caso se concretize o adiamento, as taxas de juros permanecem as mesmas do contrato original sem incidência de multas e encargos adicionais. Mas o mesmo banco admite que "em alguns casos, o valor da parcela do cliente pode aumentar em função de IOF e da aplicação dos juros do contrato original sobre a carência adicional". 

Já na Caixa, a informação passada por nota foi a de que "a rede de atendimento já foi orientada a operacionalizar as medidas anunciadas". O banco estatal diz que há opções de adiamento de pagamento para diversos empréstimos, como CDC (crédito direto ao consumidor), crédito pessoal e capital de giro de empresas. 

Sobre os custos nessas operações, a Caixa informou que "os juros serão recalculados e acrescidos ao saldo devedor do contrato". Assim, diz o banco, "o cliente realizará o pagamento desse valor, de forma diluída, ao longo das parcelas restantes da dívida".

"As parcelas remanescentes são calculadas considerando o valor do saldo devedor, acrescidas unicamente dos juros relativos ao período da pausa", informou a Caixa.

A Caixa diz ainda que os clientes que possuem contrato de financiamento habitacional pessoa física ou pessoa jurídica, que estejam em dia com os pagamentos ou com até dois encargos em atraso, podem solicitar a pausa, com exceção dos casos em que o cliente esteja utilizando o FGTS para pagamento das prestações mensais. 

O Santander Brasil informou que lançou um hotsite para orientar os clientes interessados em solicitar a prorrogação do vencimento das dívidas por até 60 dias, conforme a determinação do Conselho Monetário Nacional (CMN).

O Bradesco disse que está à disposição para prorrogar por 60 dias as prestações de financiamento de seus clientes. "A taxa de juros inicialmente contratada será mantida e haverá a cobrança proporcional dos juros, considerando a carência solicitada, para o período restante da operação". 

O Banco do Brasil afirmou que todos os clientes têm acesso a prorrogação das parcelas via web, sem necessidade de ir a uma agência do BB. A instituição financeira pública informa que as renovações de operações já contratadas poderão ter os mesmos prazos de carência. Há também a possibilidade de flexibilizar o cronograma de pagamento, ficando um ou dois meses sem pagamento de parcela em todos os anos da vigência do contrato. A possibilidade de renovação está disponível nos canais digitais (App BB e internet) e nos terminais eletrônicos do BB. Mais informações estão disponíveis em bb.com.br/emprestimo.